As usinas de cana-de-açúcar estão na linha de frente dos investimentos a serem empregados por conta da Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, que entra em vigor em 24 dezembro próximo.
Mas os aportes do programa de estado, que prioriza os biocombustíveis, serão empregados também em outras áreas, como infraestrura e em logística, destaca Luis Carlos Junior Jorge, presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CEISE Br), em entrevista para o Energia Que Fala Com Você.
O setor sucroenergético registra exemplos de investimentos em 2019, e a tendência é a dos aportes serem ampliados com a entrada em vigor do RenovaBio? O sr. concorda?
Luis Carlos Junior Jorge – Para se ter uma ideia, com o RenovaBio, projeções de consultorias e entidades envolvidas com o programa e do próprio governo apontam, anualmente, investimentos na ordem de R$ 9 bilhões para o etanol, em renovação de canaviais; e outros R$ 4 bilhões em aumento de produtividade da cana-de-açúcar.
Em 10 anos, o Programa pode gerar R$ 1,4 trilhão em investimentos para expansão da oferta de biocombustíveis; empregar 1,4 milhão de pessoas e reduzir 43% das emissões de CO2 na atmosfera.
O Brasil é o terceiro maior gerador de energia renovável do mundo, atrás de China e Estados Unidos, e tem grande potencial para despontar como maior produtor de bioenergia.
Ainda a partir de 2020, a China, que visa reduzir pela metade sua poluição num período de 10 anos, vai importar o etanol brasileiro para atender à mistura de 10% do combustível à gasolina, segundo acordo assinado com o governo do Estado de São Paulo no final de setembro.
Mais do que ampliação e renovação dos canaviais, e das reformas e aquisição de novos equipamentos para aumento de produtividade e eficiência por parte das usinas, a medida poderá ainda abranger investimentos em infraestrutura e logística.
Quais áreas do segmento industrial de bens de capital já registram demanda de empresas sucroenergéticas?
Luis Carlos Junior Jorge – A indústria de base do setor sucroenergético tem registrado, gradativamente, pedidos de maquinário agrícola e, também, de equipamentos para novos projetos para produção de etanol.
Nos outros segmentos, apresenta-se ainda um volume mais considerável nos pedidos de reforma, revisão, inspeção e troca de peças.
O que é preciso fazer para que essas empresas fornecedoras se fortaleçam para atender a uma possível crescente demanda?
Luis Carlos Junior Jorge – O Programa traz expectativas muito positivas para o setor bioenergético.
No entanto, a indústria de base, devido à escassez de investimentos nos últimos anos, está descapitalizada para adquirir insumos, matéria-prima, máquinas e equipamentos para atender ao aumento de demanda das unidades produtoras de açúcar, etanol e bioenergia, de forma que é urgente que sejam proporcionadas condições adequadas de captação de recursos com taxas justas e prazos de carência adequados.