Cresce o número de empresas comprometidas em neutralizar emissões de poluentes, como os gases de efeito estufa (GEE). Trata-se de uma tendência mundial da iniciativa privada em reduzir impactos poluentes ao meio ambiente.
É um compromisso sério. Ao vir a público assumir a meta de neutralizar as emissões de poluentes, essas empresas entram em uma missão sem caminho de volta.
Até porque uma métrica desse compromisso é assumi-lo por meio de programas e metodologias de reconhecimento internacional.
Um desses programas é o GHG Protocol (Greenhouse Gas Protocol), dos mais empregados no mundo para a empresa produzir inventários de gases de efeito estufa.
Criado em 2008, o GHG oferece ferramentas para medir o quanto de poluentes a empresa gera em sua cadeia produtiva e como fazer para limpar isso.
Clique aqui para ler mais sobre o GHG Protocol.
Portanto, o compromisso precisa ser cumprido, até porque os resultados de empresas que entram em programas e metodologias são transparentes.
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Biocombustíveis fazem o Brasil ser destaque mundial em redução de emissões
No Brasil, uma legião de empresas assumiu o comprometimento de neutralizar emissões de carbono – um dos formadores de gases de efeito-estufa, que provoca o aquecimento global.
Mas como fazer para acabar com as emissões próprias desses gases poluentes?
Há várias alternativas eficazes e uma delas é o crédito de descarbonização, o CBIO, dos biocombustíveis.
Esse crédito equivale a uma tonelada de dióxido ou gás carbono (CO2) que deixa de ser lançada na atmosfera por meio de combustíveis fósseis (gasolina e óleo diesel).
Por sua vez, eles são comercializados desde meados de maio passado pela B3, a bolsa de valores de São Paulo.
Os créditos são adquiridos através de corretoras e os preços oscilam conforme a procura. Nesta semana, por exemplo, o Energia Que Fala Com Você apurou que valiam médios R$ 150 cada um.
Aí vem outra dúvida: esses CBIOs são seguros?
Sim! Eles são lançados por produtores de biocombustíveis (etanol e biodiesel, por exemplo) certificados no programa RenovaBio e gerido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do governo federal.
A emissão de um crédito desse depende da ‘nota de eficiência’, espécie de rastreamento no ciclo produtivo do produtor certificado. É assim: quanto menos poluentes como óleo diesel for usado no ciclo produtivo do biocombustível, mais CBIOs a usina certificada poderá lançar.
Quer saber mais sobre CBIOs? Leia aqui.
“CBIO pode ser usado para neutralizar emissões”
Para tirar mais dúvidas sobre a compra de CBIOs para reduzir emissões próprias de causadores de gases de efeito-estufa, o portal Energia Que Fala Com Você ouviu Miguel Ivan de Lacerda, pesquisador da Embrapa e considerado ‘pai’ do RenovaBio, que já conta com mais de 240 produtores certificados.
É possível comprar CBIOs para neutralizar as emissões?
“Sim, pode-se comprar e usar os créditos dos CBIOs para neutralizar as emissões.”
Significa que uma empresa que tem emissão de 10 toneladas de CO2 pode quitar essa dívida com a aquisição de 10 CBIOs.
Mas como oficializar essa quitação?
“Só precisa aposentar este CBIO na B3”.
Em resumo, essa ‘aposentadoria’ significa retirar o CBIO de circulação. E isso é feito na bolsa, que é quem comercializa os créditos.
Leia aqui mais sobre ‘aposentadoria’ na B3.
A seguir, confira as estratégias de duas das empresas comprometidas com a descarbonização.
“Zeramos a emissão de carbono”, destaca banco digital
Os créditos de descarbonização dos biocombustíveis atestam a importância do etanol e do biodiesel em favor do meio ambiente, mas as empresas comprometidas em neutralizar emissões podem escolher outras opções.
O banco digital NuBank destaca ter zerado em setembro último sua emissão de carbono na atmosfera.
E como fez isso?
“Todo o dióxido de carbono (CO2) que emitimos a partir das nossas atividades foi compensado pelo incentivo a projetos que reduzem a emissão desse gás”, relata a empresa (leia aqui).
Apesar do Nubank ser digital, praticamente todas suas atividades geram impacto ambiental. É o caso, por exemplo, da produção dos cartões e o envio para a casa dos clientes, os servidores responsáveis em manter o app no ar e a energia usada pelos colaboradores no trabalho. O impacto é causado, por exemplo, pelo emprego de combustíveis fósseis como gasolina e diesel.
O banco lembra que a neutralização das emissões pode ser feita com ações que retiram CO2 da atmosfera, como plantio de árvores – que evitam a geração de mais CO2 – e usar fontes renováveis de energia para impedir o desmatamento.
No caso do Nubank, ele se juntou a três projetos no Brasil e a um no México cujas atividades promovem créditos de carbono que compensam as emissões.
Dentre os projetos brasileiros está a Cerâmica Luara, localizada no município de Panorama (SP), que fabrica tijolos e substituiu o uso de lenha de vegetação nativa do cerrado por biomassa.
No caso, a biomassa é renovável e pode ser obtida junto a reflorestamentos e a cana-de-açúcar.
Leia aqui o descritivo do projeto da Luara.
Empresa global promete neutralizar emissões até 2030
Por sua vez, o network PwC assume o compromisso global de neutralizar suas emissões de gases de efeito-estufa até 2030.
Além disso, promete apoiar os clientes a diminuir suas emissões, bem como reduzir as dos seus fornecedores.
Ou seja, em comunicado, a PwC se compromete a reduzir em 50% as emissões em termos absolutos até 2030.
Como fará isso?
Inclui, por exemplo, adotar fontes de energia 100% renováveis em todos os territórios em que a PwC atua. E reduzir pela metade as emissões associadas a viagens de negócios e hospedagem em uma década.
Tem lógica. Segundo a empresa, as emissões associadas aos voos representam 85% de sua pegada de carbono total.
E para atingir a meta de 100% de descarbonização, a PwC relata que investirá em soluções climáticas naturais.
Por exemplo: para cada tonelada restante (CO2 equivalente) que emite, compromete-se em remover uma tonelada de CO2 para atingir a neutralidade até 2030.
Quer saber mais sobre o projeto da PwC? Clique aqui.